CÂMARA HOMENAGEARÁ OS 20 ANOS DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA
O Programa Estratégia Saúde da Família (ESF), desenvolvido através da parceria entre a Secretaria Municipal da Saúde de Marília e a Maternidade e Gota de Leite, completou 20 anos no final de 2018. Para comemorar a data, a Câmara Municipal realizará uma sessão solene nesta sexta-feira, dia 15, a partir das 20h, quando 13 colaboradores serão homenageados.
Dos primeiros profissionais contratados, quatro ainda fazem parte do programa: a enfermeira Denise Garozi, a cirurgiã-dentista Elucimara Aparecida Ferreira Paes, o médico Sílvio Guido Yamada e o motorista João Eduardo de Abreu. Atualmente, mais de 500 colaboradores, contratados pela Gota de Leite mediante processo seletivo, atuam em 40 equipes nas zonas urbana e rural, além de 04 NASFs (Núcleo de Apoio à Saúde da Família).
Segundo Denise Garozi, o programa teve início no dia três de novembro de 1998, quando foram formadas 02 equipes na zona rural (Distritos de Avencas e Rosália) e 02 na zona urbana (Aniz Badra e Parque das Nações) com os seguintes profissionais em cada equipe: 04 agentes comunitários de saúde, 01 médico, 01 enfermeira, 01 dentista, 02 auxiliares de enfermagem e 01 auxiliar de limpeza. Nas equipes da zona rural havia 01 motorista em cada uma.
Ela revelou que “explicaram que a gente ia construir juntos porque o programa estava iniciando no Brasil. Não tinha nem como visitar um local para ver como estava funcionando. Foram trazidos alguns textos explicativos sobre a função de cada um e as equipes começaram juntas, fazendo reuniões para trocarem ideia porque era tudo novo”. Conforme disse, “na primeira semana, todos passaram por uma capacitação no Hemocentro e a partir da segunda semana, cada um começou a construir a sua equipe”.
Denise observou que “como enfermeira, tive que estudar como montar uma farmácia, como guardar medicamentos. Além disso, fizemos reconhecimento da área, do nosso território. Começamos em um bairro onde não havia uma árvore plantada. Depois de 20 anos, tive a oportunidade de cobrir lá, como substituta, e ver como mudou. É uma emoção ver o que era e o que se tornou o Aniz Badra”.
TRANSIÇÃO
A enfermeira falou sobre a reação da população ao receber a visita de profissionais nas residências: “A maioria gostou. Mas, o atendimento ainda era muito ‘médico centrado’, isto é, na equipe em que vivenciei isso apareceu forte de não quererem passar pela enfermeira, tinha esse preconceito”.
Para informar a população, foi promovida uma reunião no centro comunitário “e começamos a explicar desde como funciona o termômetro, que qualquer pessoa pode lidar, que a mãe em casa também pode ter um termômetro. A partir daí começaram a aceitar uma enfermeira atender e a gente foi conquistando aos poucos. A gente tinha o apoio da UBS que era nossa referência para onde a gente encaminhava os casos que não conseguia resolver na consulta domiciliar”.
Ela destacou o alcance do programa ao identificar as principais necessidades da comunidade e propor soluções. “Na época, fizemos um levantamento e o que mais havia eram casos de hipertensão e diabetes. A princípio, fizemos um plano de ação para educar como tomar o remédio no horário certo. Levantamos o número de amputações, com meta de zerar isso e conseguimos, em sete anos, zerar as amputações em diabetes”, frisou.
A enfermeira fez questão de ressaltar a dedicação dos profissionais da Saúde da Família que extrapolavam suas funções na unidade. Ela citou o exemplo da agente comunitária Marta: “Ela detectou que alguns não tomavam o remédio no horário correto porque eram analfabetos. Foram localizadas 55 pessoas nesta situação e a agente comunitária montou um grupo de alfabetização de adultos que está ativo até hoje”.
E prosseguiu: “Mara Débora, outra agente comunitária de saúde, que também é educadora física, propôs a criação de um grupo de caminhada. Lembro que a gente marcou o grupo e apareceu só uma pessoa. Hoje, até moradores de bairros vizinhos participam. A gente via uma necessidade da comunidade e em cima disso planejava uma ação”, assinalou.
Denise Garozi afirmou que funcionam, atualmente, dezenas de iniciativas voltadas à saúde da população, como os grupos de “Alcoólicos Anônimos”, “Hipertensos”, “Diabéticos”, “Tabagismo”, além dos que beneficiam gestantes, idosos, crianças e adolescentes.
AVANÇOS
Ao avaliar os 20 anos do programa, a enfermeira afirmou que “melhorou muito a questão do planejamento familiar e que as enfermeiras realizam, hoje, muito mais funções como a coleta para o exame de Papanicolaou e o exame clínico de mamas. Também notamos um grande aumento da cobertura de vacinas”.
Outro avanço apontado por ela foi a informatização: “Hoje tem o prontuário eletrônico que facilita muito e gera os dados com mais fidelidade. Antes, a gente fazia tudo à mão. Para melhorar, falta aumentar a expansão das unidades e a capacitação dos profissionais que reflete na melhoria do atendimento à comunidade”.
Sobre a Gota de Leite, Denise Garozi afirmou que “dentro da Atenção Básica, tive a oportunidade de vivenciar outras instituições que adentraram na organização do programa, em Recursos Humanos, como o Hospital São Francisco e a Santa Casa que não deram conta e abriram mão. A Gota assumiu todo mundo, absorvendo o máximo de recursos humanos”.
Finalizando, ela afirmou que “a maternidade ouve os funcionários, dando respaldo. Não consigo ver a Estratégia Saúde da Família sem a Gota de Leite porque vivencio isso há 20 anos e só tenho que agradecer o apoio que recebemos”.
VIRGINIA BALLONI
A presidente da Gota de Leite, Virgínia Balloni, agradeceu a iniciativa do vereador Danilo Bigeshi em propor a sessão solene para homenagear os 20 anos da Estratégia Saúde da Família: “Para nós, é um marco muito importante. Passamos por vários percalços ao longo do caminho e, durante esses anos, o foco sempre foi a melhoria do atendimento à saúde da população e a valorização dos profissionais”. Ela acrescentou que a instituição responde pelos Recursos Humanos do programa e implantou uma grande estrutura com o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) onde atuam técnicos em segurança do trabalho, médicas e enfermeiras do trabalho e engenheira do trabalho que dão suporte aos profissionais lotados nas ESFs da cidade e da zona rural.